Entrevista concedida ao Jornal O torcedor, publicada em 14/10/11
Fonte: blog Vôlei de Osasco
- Como você começou a jogar vôlei?
Samara: Em 2002 em me mudei de São Paulo para Barueri e lá eles tem um projeto de escolinhas de esportes e no meu bairro na quinta-feira era dia de futebol, que eu adorava desde pequena, e então comecei a jogar. Em 2003, com onze anos, minha mãe falou que eu tinha que parar de jogar, que futebol não era coisa para menina. E por coincidência mudaram todos os horários do ginásio, terça-feira passou a ter futebol, na quarta-feira handebol e na quinta ficou o vôlei. Assim eu comecei a treinar. Meu irmão também jogava, só que numa turma mais velha que a minha e um dia eu fiquei sentada na arquibancada esperando por ele. Faltou um pessoa no treino e os amigos dele pediram para me chamar para completar o time. Meu irmão não queria, achava que eu iria me machucar, mas acabei entrando e joguei. Eles eram uns seis ou sete anos mais velhos que eu. O professor da escolinha me viu jogando e veio conversar comigo, me falou que tinha um time de base e me convidou ir conhecer. No dia seguinte eu fui, cheguei lá, as meninas todas mais velhas que eu. Isso foi mais ou menos em setembro. Continuei jogando na escolinha e quando foi em fevereiro abriu a peneira para a equipe de Barueri, todas as escolinhas da cidade participaram. Eu cheguei lá e não precisei passar pela peneira. Como o professor já me conhecia eu entrei direto, mas como as meninas eram mais velhas, eram de 1990 e eu era de 1992, entrei só para completar o time.Meu primeiro ano todo foi pegando bola (risos) acho que fiz um jogo só (risos). Fui entrar em quadra mesmo para jogar com treze anos. Foram dois anos de pré-mirim, um de mirim e mais um de infantil.
- E a catadora de bola veio parar no Sollys/Osasco.
Samara: (risos) Antes de chegar aqui eu tive uma passagem de um ano pelo Finasa, dos 17 aos 18 anos, depois fui para Macaé (RJ) onde disputei minha primeira Superliga e vim para o Sollys.
- Você logo foi convocada para a seleção brasileira, como foi esta emoção?
Samara: Minha primeira convocação foi em 2007, foi uma seletiva e eu fiquei uma semana. Fiquei espantada com o tamanho do Centro de treinamento. E de repente me vi ao lado do Giba, caraca, eu não acreditei (risos).- Você sempre um passo a frente.
Samara: (risos) Estou sempre com as meninas mais velhas, nunca fiquei na minha idade, sempre com meninas mais velhas que eu.- Foi uma decisão difícil, você já tinha tudo planejado e ai apareceu o vôlei e sua vida mudou.
Samara: Para mim, naquele momento, estava fácil. Tinha sido convocada para a seleção paulista, para a brasileira, pode até ser que estivesse deslumbrada, mas eu sabia o que queria. Mas eu chegava em casa e minha mãe chorando. Ai pintava uma ponta de dúvida. E se não der certo? E se eu me machucar?- Depois disso teus pais aceitaram?
Samara: Eles nunca me obrigaram a fazer alguma coisa ou me pressionaram, é que eu não sou boba e via minha mãe triste. Mas agora são meus maiores fãs (risos). - Qual a maior dificuldade que você enfrentou na sua carreira?
Samara: Acho que é exatamente o fato de eu sempre estar convivendo com pessoas mais velhas que eu. Você treina, se destaca mas na hora de jogar sempre tem aquela história de a utra ser mais experiente que você. Mas eu vou esperar até quando? Estou com dezenove anos vou jogar então só daqui a dez anos quando estiver com vinte e nove?Esta é minha maior dificuldade, escutar que tal menina entrou porque tem mais experiência que eu.
Eu tenho dezenove anos mas jogo desde os onze e jogo em alto nível desde os quinze anos. Então acho que tenho experiência suficiente. Mas também eu usei isto como incentivo e acho que estou onde estou hoje por buscar sempre me superar.
- Próximo desafio?
Samara: O próximo desafio é o Mundial de Clubes, estamos viajando agora dia 6 de outubro para o Qatar em busca deste título e é uma oportunidade única. Fui no ano passado mas agora vou ter a chance de começar jogando como titular e a responsabilidade triplica, vamos lutar para voltar com o título.Ficha completa: Samara